Integrantes do Núcleo de Teatro da Fundação Criança de São Bernardo do Campo ensaiam dois novos espetáculos, com previsão de estreia a partir de maio para alunos da rede municipal. As escolas precisam fazer agendamento prévio. Uma das peças será o "Os Saltimbancos". A outra, ainda sem nome, é inspirada na história da Vasilisa (Vasilisa, a Sábia, ou Vasilisa, a Bela), versão russa do conto infantil Cinderela.
Antes da estreia, as montagens, com uma hora de duração cada, serão apresentadas no teatro da própria instituição aos familiares dos protagonistas e aos jovens e adolescentes atendidos pela Fundação. O local tem capacidade para 120 pessoas.
Saltimbancos é um musical que foi trazido e adaptado para o português na década de 1970. Inspirado no conto "Os Músicos de Bremen", trata-se de uma alegoria política, na qual o burro representaria os trabalhadores do campo; a galinha, a classe operária; o cachorro, os militares; e a gata, os artistas. No conto de fadas, os quatro animais querem ir para a cidade de Bremen, espécie de refúgio para os oprimidos de toda a Alemanha. Lá se tornariam músicos, mudariam seus destinos e buscariam um novo sentido para a vida.
Já a história de Vasilisa foca o enfrentamento do medo nas mais variadas situações da vida da personagem, a começar pelo embate com a maldosa bruxa Baba Yaga, que mora em uma casa sinistra e age de forma dissimulada para atrair a atenção das crianças e, assim, promover suas maldades.
Para suavizar a temática, já que o público são alunos da rede municipal de ensino com idades entre 6 e 10 anos, os espetáculos são lúdicos. Em Vasilisa, por exemplo, a casa de Baba Yaga tem pernas de galinha e anda, enquanto a bruxa é representada por um boneco que voa com pilão mágico.
Segundo o educador social Josenildo Luiz Gonzaga, os adolescentes têm liberdade para sugerir e acrescentar novos elementos aos textos na montagem dos espetáculos. "O objetivo é o protagonismo, a construção coletiva, promover a convivência social e o desenvolvimento de cada um deles com autonomia."
O núcleo de teatro é coordenado por Mauro Silveira, educador social com formação em arte e dramaturgia. É ele quem, juntamente com os demais educadores, escolhe e desenvolve os temas a serem abordados nas encenações.
Os dois espetáculos terão patrocínio do Banco Scania. Os recursos servirão para a contratação de profissionais (edital já em andamento), que oferecerão aos jovens aulas de canto, técnicas de produção, maquiagem e confecção dos próprios figurinos. Os integrantes do núcleo de teatro também receberão bolsa de R$ 300 durante um ano.
Todos os integrantes do núcleo de teatro – jovens e adolescentes com idades entre 15 e 18 anos – estão inseridos nos programas sociais da Fundação e já possuem certa experiência nos tablados. No ano passado levaram aos palcos "Sherazade Conta Aladdin". O conto narra desde o encontro de Aladdin na feira com Magrebino ao momento em que encontra a lâmpada do gênio.
O espetáculo foi assistido em 2014 por cerca de 8 mil alunos da rede municipal de ensino e também apresentado na 21ª Mostra Estudantil do Festival Nacional de Teatro de Piracicaba.
Contando História – O núcleo de teatro é uma das ações do programa Contando História, que tem como foco o fortalecimento da convivência familiar e comunitária por meio de atividades que estimulam a convivência social e buscam abordar questões relevantes sobre a juventude, contribuindo na construção de novos conhecimentos. A iniciativa oferece vivências teóricas e práticas em ações de cidadania por meio da arte e da cultura, atendendo assim também a missão de se promover, defender e garantir os direitos humanos de crianças e adolescentes.
Amigas se reencontram em oficina após dez anos
Graças às oficinas de teatro da Fundação, as amigas Geovana de Paula, 17 anos, e Bianca do Patrocínio Martins, 16, voltaram a se encontrar após dez anos. Elas se conheceram em 2005 nas atividades socioeducativas da unidade do Jardim Farina do Centro de Atendimento à Criança e Juventude (CACJ). A primeira frequentava as aulas de teatro e, a outra, de dança. Agora integram o núcleo que ensaia a peça baseada no conto de Vasilisa, na unidade do Bairro Assunção.
"Ainda éramos meninas e foi uma surpresa nos reencontrarmos após tanto tempo", disse Geovana, que em dois anos de aulas de teatro caminha para o terceiro espetáculo. Ela integrou também os elencos de "A Bela e a Fera" e "Sherazade Conta Alladin".
"O Contando História foi um divisor de águas em minha vida. No início pensava em fazer letras, mas depois das aulas de teatro decidi fazer licenciatura em artes cênicas. Prestei vestibular no segundo semestre do ano passado e com a nota do Enem consegui ser aprovada na Faculdade Paulista de Artes", comemora Geovana.
Bianca, por sua vez, diz não ter dúvida de que pretende seguir na dança. "Participo dos projetos desde que tinha 7 anos. No início era mais por diversão. Mas depois que vim para cá (unidade do Assunção), o Contando História abriu minha mente. Gosto da dança e é o que eu quero fazer, mas não tenho dúvida de que a arte cênica vai me ajudar bastante." A estudante já faz planos de, ainda neste ano, prestar o Enem e tentar uma vaga em alguma universidade no curso de Artes Cênicas ou Educação Física.
Marco Borba
da redação
Foto: Valmir Franzoi
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FONTE: http://www.saobernardo.sp.gov.br/comuns/pqt_container_r01.asp?srcpg=noticia_completa&ref=12134&qt1=0
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