Um clima de comoção mudou a rotina dos moradores da cidade de Poção, no Agreste pernambucano, a 237 km do Recife, à espera dos corpos das vítimas de uma chacina ocorrida na noite de ontem (6). A população, entristecida pelo crime bárbaro que chocou a região, aguarda a chegada dos mortos dando apoio aos familiares de três conselheiros tutelares e da avó de uma criança de três anos, executados brutalmente no Sítio Cafundó, na Zona Rural do município.
A reportagem do Diario, que se encontra neste momento em Poção acompanhando as investigações do caso, apurou que o velório coletivo das vítimas começa ainda nesta tarde, uma vez que os corpos já foram liberados para as famílias pelo Instituto de Medicina Legal (IML) de Caruaru, após a perícia. O enterro está marcado para as 9h da manhã deste domingo (8) no cemitério da cidade.
As investigações sobre o crime continuam pela força-tarefa criada pelo governo do estado, através da Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Científica. Na manhã de hoje, durante uma coletiva de imprensa realizada na sede da Polícia Civil de Pernambuco, a cúpula da Secretaria de Defesa Social do estado (SDS) confirmou que as vítimas da chacina foram assassinadas com características de execução.
De acordo com o chefe da Polícia Civil de Pernambuco, Antônio Barros, três das vítimas foram alvejadas na cabeça e outra, cujo corpo foi encontrado fora do veículo utilizado pelo Conselho Tutelar de Poção, recebeu um tiro no tórax, o que carateriza uma tentativa de fuga e defesa. Os corpos das vítimas estão no Instituto de Medicina Legal (IML) de Caruaru e devem ser liberados para as famílias no fim da tarde de hoje. O velório coletivo ocorrerá no Centro de Catequese Frei Henrique Broker.
Este foi o único detalhe informado até o momento sobre o crime e, segundo a SDS, por hora não haverá a divulgação de novas informações para não atrapalhar o andamento das investigações, embora a força-tarefa criada para elucidar o crime que chocou a população de Poção já tenha uma linha definida de apurações para tentar resolver o caso.
O secretário titutal da SDS, Alessandro Carvalho, informou que todo o trabalho de investigação está sendo realizado de forma conjunta, analisando cada detalhe da cena do crime e os últimos passos do grupo, após a volta de uma audiência judicial em Arcoverde. Como a cidade de Poção faz fronteira com o estado da Paraíba, a SDS não descartou o apoio da Polícia Civil daquele estado para fechar o cerco e prender o autor ou autores da chacina, que continuam foragidos.
“O governo do estado está empenhado em esclarecer o quanto antes este fato e dar uma resposta à sociedade. A criança encontra-se em um lugar seguro e protegida e vamos continuar investigando com sigilo para resolver o caso”, destacou Carvalho, informando que uma nova coletiva de imprensa será concedida ao fim das investigações. O inquérito policial terá, a princípio, 30 dias para ser concluído, podendo ser prorrogado.
A criança, que estava sob a guarda dos avós maternos, não se feriu na ação criminosa. A chacina aconteceu por volta das 19h, quando os conselheiros tutelares, no exercício de suas funções, a criança e a avó chegavam de carro ao Sítio Cafundó, na Zona Rural de Poção, distante 237 km do Recife. Segundo o delegado Antônio Barros, o grupo voltava do município de Arcoverde, no Sertão, após uma audiência na Vara da Infância e da Juventude, cujo pai teria perdido a guarda por ordem judicial.
As vítimas da chacina foram identificadas como Lindenberg Vasconcelos, 54 anos, Carmem Lúcia Silva, 37, Daniel Farias, 32, e Ana Rita Venâncio (avó da criança), 62. Os conselheiros tutelares mortos faziam parte de um total de cinco no município e tinham como função, em geral, investigar a incidência de violação de direitos contra crianças e adolescentes, atender a reclamações feitas pela comunidade e identificar problemas relacionados a agressões no ambiente familiar e tomar medidas necessárias para proteger as vítimas.
A cúpula da SDS informou que a força-tarefa que está atuando nas investigações da primeira chacina no estado este ano envolve a Polícia Civil, a Polícia Militar e a Polícia Científica. Ao todo, seis delegados estão investigando o crime, coordenados pelo delegado Erick Lessa, gerente operacional da região Interior I. Policiais militares da 8ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) de Poção e outros destacamentos da região, além de equipe da Polícia Científica, incluindo o Instituto Tavares Buril (ITB), completam a força-tarefa. O secretário estadual de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude, Isaltino Nascimento, também está em Poção prestando apoio às famílias das vítimas e acompanhando as investigações.
Ontem, o governo do estado divulgou uma nota oficial à imprensa para destacar as medidas emergenciais adotadas para a elucidação do caso. “O Instituto de Criminalística (IC) e o Instituto Médico Legal (IML) foram acionados. Todo o efetivo da Polícia Militar da região se encontra à disposição da Polícia Civil para eventuais diligências que contribuam para o esclarecimento do caso”, informou a nota oficial.
Com informações do repórter Raphael Guerra
FONTE: http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/vida-urbana/2015/02/07/interna_vidaurbana,559701/comocao-toma-conta-da-populacao-de-pocao-apos-chacina-de-conselheiros-tutelares-e-idosa.shtml
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