O secretário-geral da ONG Anistia Internacional, Salil Shetty, cobrou o fim
da impunidade policial e um maior consistência na proteção aos direitos humanos,
afirmando que tanto favelas do Rio quanto comunidades indígenas do Mato Grosso
do Sul parecem ser "zonas francas de direitos humanos".
"É como se essas pessoas não estivessem no Brasil. Lá valem regras
diferentes. Elas vivem em zonas de guerra, e todos os direitos humanos estão
suspensos", disse o indiano, que passou uma semana em visita ao país.
Shetty condenou a violência policial, comentou o desaparecimento do pedreiro
Amarildo, na Rocinha, e afirmou que a ação da polícia durante as recentes
manifestações foi "um alerta para o cidadão brasileiro médio sobre como a
polícia atua".
Ao encerrar sua visita na sexta-feira, Shetty considerou que o governo tem
muitas conquistas das quais deve se orgulhar, citando a redução da pobreza, a
desigualdade de renda e a criação da Comissão da Verdade.
Mas disse que o Brasil precisa agir com urgência para proteger seus cidadãos
com consistência.
"O conceito básico que permeia os direitos humanos é que aqueles no poder
precisam prestar contas diante das pessoas comuns. Em muitas democracias, como
no Brasil, Turquia e Índia, os líderes tendem a presumir que, eleitos, eles têm
legitimidade, e só precisam prestar contas nas eleições seguintes," disse o
indiano.
"Acho que as pessoas no mundo estão dizendo para os líderes que as eleições
são o primeiro passo para isso, e não o último. É um processo constante, e se
você não cumprir o que prometeu - as pessoas não estão mais apáticas. Elas vão
exigir seus direitos. É um sinal muito positivo de certa forma.
"Para mim, essencialmente, os protestos foram sobre direitos humanos - sejam
direitos econômicos, sociais, civis, políticos. A triste realidade no caso do
Brasil, e não foi diferente na Turquia e na Índia, é que a resposta do estado
foi uma de repressão. Em parte porque esse país ainda tem uma herança da
ditadura em termos do comportamento da polícia," concluiu.
Fonte:
http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=direitos-humanos-favelas-areas-indigenas-brasil&id=9074
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