Marcela Belchior
Adital
Censura nĂŁo institucionalizada mata oito defensores de direitos humanos e quatro comunicadores no Brasil em 2013. Produzido pela organização Artigo 19, que trabalha pela liberdade de expressĂŁo e informação, o relatĂłrio “ViolaçÔes Ă Liberdade de ExpressĂŁo”, lista crimes e infraçÔes como essas, registradas em todo o paĂs contra comunicadores e defensores de direitos humanos no ano passado.
Segundo a publicação, os dados de 2013 mostram que, contra comunicadores, foram registrados 15 ameaças de morte, dois sequestros, oito tentativas de assassinato e quatro homicĂdios, num total de 29 violaçÔes. No caso de defensores de direitos humanos, hĂĄ registros oficiais de oito homicĂdios, uma tentativa de assassinato e sete ameaças de morte, somando 16 violaçÔes. No caso dos homicĂdios contra defensores, seis dos oito casos tiveram como motivação denĂșncias sobre irregularidades envolvendo disputa territorial. Metade deles ocorreu no Estado do ParĂĄ.
No total, o monitoramento da organização registrou 45 violaçÔes graves no ano passado, sendo o Estado brasileiro o principal responsabilizado pela conjuntura e pela falta de medidas efetivas que evitem a perpetuação dos casos. Entre os defensores de direitos humanos afetados, estĂŁo lideranças rurais, ativistas ambientais, militantes polĂticos, lĂderes indĂgenas e quilombolas, entre outros. Figuram como comunicadores jornalistas, radialistas, blogueiros, apresentadores de televisĂŁo, fotĂłgrafos, chargistas e comunicadores populares.
O relatĂłrio interpreta “censura” compreendendo que a violação impediu a continuidade do exercĂcio profissional do comunicador ou do ativista, considerando nĂŁo apenas a capacidade individual de expressĂŁo, como tambĂ©m a posição do veĂculo de comunicação ou da organização e comunidade de prosseguir com uma linha de atuação semelhante Ă da vĂtima.
“Impedir a liberdade de expressĂŁo de um defensor de direitos humanos nĂŁo Ă© somente uma ameaça individual, mas tambĂ©m funciona como uma maneira de desviar a atenção do tema da mobilização e do ativismo polĂtico desses defensores, ou seja, impedir que pautas maiores e de maior complexidade social sejam discutidas pela sociedade e possivelmente abordadas de maneira transformadora”, afirma-se o documento. Entre os suspeitos de mandantes dos crimes estĂŁo polĂticos, policiais e outros funcionĂĄrios pĂșblicos, lĂderes do crime organizado, empresĂĄrios, alĂ©m de produtores rurais e extrativistas.
O Sudeste brasileiro foi a regiĂŁo em que se deram mais casos de violaçÔes Ă liberdade de expressĂŁo contra comunicadores, registrando oito delas. Em seguida vem a regiĂŁo Norte (seis) e Sul (seis), Nordeste (cinco) e Centro-Oeste (quatro). JĂĄ contra defensores de direitos humanos, a regiĂŁo mais expressiva foi o Norte (oito), seguida do Centro-Oeste (trĂȘs), Sul (dois), Nordeste (dois) e Sudeste (um).
Segundo o relatĂłrio, quase 10% dos casos foram arquivados menos de um ano depois da violação e em 53% das ocorrĂȘncias os possĂveis autores nĂŁo foram formalmente identificados pelo inquĂ©rito policial. AlĂ©m disso, o tempo que os processos levam para ser julgados causa a prescrição do crime.
RecomendaçÔes à sociedade
A Artigo 19 recomenda ao Estado brasileiro que atue com estudos, estrutura e estratĂ©gias articuladas com diversos setores da sociedade sobre as causas e reaçÔes aos casos, ofereça proteção aos comunicadores e ativistas, incentive e facilite o trabalho das empresas de mĂdia e organizaçÔes da sociedade civil.
Ăs organizaçÔes intergovernamentais e Ă comunidade internacional indica que priorizem a proteção de seus atores e acompanhem as movimentaçÔes em torno dos direitos humanos. JĂĄ se dirigindo Ă s organizaçÔes da sociedade civil e de mĂdia o relatĂłrio recomenda a continuidade do trabalho, a produção de dados, alĂ©m de equipamentos e treinamentos de segurança e proteção.
* Para acessar o relatĂłrio completo, clique em http://migre.me/j1PSi
Fonte: http://www.sul21.com.br/jornal/censura-atinge-comunicadores-e-defensores-de-direitos-humanos-com-45-violacoes-em-2013/
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