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FUNCIONÁRIOS DA FUNDAÇÃO CASA RELATAM INSEGURANÇA


Ao som de funk, jovens armados de facas artesanais consomem drogas e cigarros à vontade em um pátio. A cena se tornou rotina na unidade 2 da Fundação Casa de São Bernardo, no Bairro Batistini, que deveria recuperar adolescentes que cometeram algum delito. A denúncia é feita por funcionários que se sentem intimidados e coagidos pelos jovens e gestores da unidade. O caso foi levado à Ouvidoria da Fundação Casa em junho. 

Conforme os trabalhadores, a falta de segurança e disciplina ocorre devido ao número reduzido de funcionários e ao fato de a coordenação abafar o que não pode ser visto. “Adolescentes fumam nos quartos, na quadra e salas de convívio. Além do cigarro e da droga que rola solta, encontramos simulacros de facas. Nada disso consta no livro da casa, porque os coordenadores colocam o que querem e não o que acontece”, revelou um funcionário que preferiu não se identificar. 

Os agentes socioeducativos dizem que são orientados a não relatar as drogas e simulacros de facas que encontram ao fazer o Registro Individual de Conduta dos jovens para que estes não fiquem mais tempo na instituição. “Já aconteceu de pegarmos drogas com os adolescentes nos quartos, mas no livro de ocorrência da casa foi colocado que as drogas foram encontradas do lado de fora do prédio. Eles falam: ‘não relata ninguém, deixa esses lixos irem embora’”, garantiu um deles. 

De acordo com os servidores, a unidade 2 de São Bernardo não trabalha com a prevenção ou tenta descobrir quem traz as drogas para a instituição. “Só o que ouvimos é relaxa, nosso salário vai chegar, a própria Fundação (Casa) não está nem aí para isso”, afirmou um agente.  Os funcionários não descartam a possibilidade de agentes socioeducativos estarem envolvidos na entrada de drogas. “Agentes já trouxeram vídeo pornográfico e funk com letras de apologia a sexo e drogas. Que valores estes garotos têm conosco? Que modelo estamos ensinando?”, questionou um funcionário. 

Revistas - Em nota, a Fundação Casa informou que uma equipe realiza regularmente revistas nos dormitórios e nas áreas de convivência em busca de drogas e outros materiais. Servidores e funcionários são revistados antes de terem contato com os adolescentes. Também é feita vigilância nas áreas interna e externa para que nenhum material seja arremessado por cima dos muros para dentro da unidade. 

Apesar dos cuidados, a autarquia garantiu que quando alguma substância ilegal é encontrada é feito o boletim de ocorrência e, por meio de ofício, o Poder Judiciário e Ministério Público são informados, além da própria Corregedoria da Fundação Casa, que instaura sindicância. 

As denúncias dos agentes socioeducativos ainda apontam um número reduzido de funcionários na unidade 2 da Fundação Casa de São Bernardo, o que dificulta a inibição dos atos ilícitos dos adolescentes dentro da instituição. “Ficamos sozinhos em uma sala fechada com 35, às vezes 45 adolescentes. Onde está a segurança?”, questionou um trabalhador. 

De acordo com os funcionários, a situação coloca em risco não apenas os trabalhadores, mas também os jovens que são ameaçados por outros adolescentes dentro na unidade. “Há adolescentes literalmente apanhando de outros jovens lá dentro. Se estamos sozinhos no meio deles, o que podemos fazer?” 

“Estamos pedindo socorro e ninguém ouve. O que mais se vê são funcionários estudando para outros concursos. Ninguém quer ficar”, explicou um agente. “Quando a corregedoria vem, as perguntas são feitas para quem quer esconder e nada muda.”

A Fundação Casa, em nota, garantiu que o quadro funcional da unidade 2 de São Bernardo está completo. E afirmou ainda que a quantidade de servidores é suficiente para garantir a segurança de funcionários e adolescentes no local.  

Fonte: http://abcdmaior.com.br/noticia_exibir.php?noticia=60986

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