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'Vão me pegar', diz líder comunitário sobre PMs que agrediram sua mulher



Rio - ‘Eles vão me pegar’, diz, preocupado, o líder comunitário Carlos Eduardo da Silva Barbosa, o Duda, de 37 anos. Na favela, ele também é conhecido como Chico Mendes da Rocinha, depois que denunciou, em abril de 2013, ameaças do major Édson Santos e de PMs sob o comando dele à família do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, além de outros casos de tortura.

Menos de três meses depois, Amarildo foi torturado e morto, e o major, preso sob acusação de cometer o crime. Ontem, em operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope), a mulher de Duda, Ilma Maria dos Santos Barbosa, de 40, diz que foi agredida por PMs quando filmava a movimentação de homens da tropa de elite no imóvel do casal. Ela, que tem hematomas no corpo, afirma que a filmagem foi apagada do celular pelos militares.

“Eles me conhecem. Queriam entrar na minha casa, e eu exigi que me mostrassem mandado judicial. Como não tinham, me distraíram, e outro grupo, de quatro PMs do Bope, invadiu minha casa, assustando minha mulher e minha filha de 16 anos. Quando ouvi os gritos, entrei correndo e vi minha mulher levar um soco no rosto. Ele bateu nela como se ela fosse um homem, uma covardia”, desabafou Duda no IML, para onde levou Ilma para exame de corpo de delito após registrar abuso de autoridade e lesão corporal na 11ª DP (Rocinha).


A Polícia Militar informou, em nota, que todas as circunstâncias envolvendo as denúncias do morador serão apuradas em sindicância. ‘Todos os policiais envolvidos serão chamados a depor’, diz o texto. Duda estreou, no sábado, o documentário ‘O Estopim’, que retrata, em resumo, o desaparecimento de Amarildo.

O filme, exibido na quadra da Acadêmicos da Rocinha, é narrado pelo líder comunitário e conta as denúncias que ele fez à Secretaria de Direitos Humanos, à OAB e ao Ministério Público antes do desaparecimento de Amarildo. Após o crime, Duda também teve papel importante nas investigações que culminaram na prisão do então comandante da UPP, major Edson.


Antes das agressões a Ilma, o Chico Mendes da Rocinha conta que foi ameaçado por um grupo de policiais do Bope. “Eles diziam: ‘Aí, Duda, a casa caiu. Te deram (delataram)’”, contou o morador, nascido e criado na comunidade, e casado com Ilma há 18 anos.

Tiroteio assusta e fecha escolas


A operação para combater o tráfico na Rocinha contou com mega-aparato: 500 PMs, cães farejadores e helicópteros foram utilizados, mas nenhuma prisão foi feita. Segundo, a Polícia Militar, o objetivo da ação era checar denúncias e mapear pontos estratégicos onde persiste a ação de traficantes. Os PMs fizeram um cerco na comunidade desde a noite de segunda-feira, mas entraram no local somente no fim da madrugada desta terça-feira. Houve confronto intenso, mas ninguém ficou feridos. Suspeitos de tráfico, dois homens foram presos, e um menor, apreendido. Os militares também recolheram drogas.

Por conta da operação, duas escolas, um Espaço de Desenvolvimento Infantil (EDI) e uma creche não funcionaram ontem. Com isso, segundo a Secretaria Municipal de Educação, 895 alunos ficaram sem aulas. Já a Secretaria de Estado de Educação afirmou que todas as unidades da região funcionaram normalmente. Há meses moradores enfrentam dias de medo com os constantes tiroteios ocorridos na comunidade.


Policiais dos batalhões de Operações Especiais (Bope) e de Ações com Cães (BAC), além do Grupamento Aeromóvel (GAM), participaram da ação em apoio aos agentes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Foram apreendidos um notebook que estava na casa de um traficante, 267 papelotes de cocaína, 141 trouxinhas de maconha, 25 tabletes de maconha, um frasco de cheirinho da loló, uma bomba caseira, um tubo de fogos de artifício, munição de diversos calibres, quatro radiotransmissores, dois celulares, quatro cadernos com anotações do tráfico e material de endolação. Todo o material foi levado para a 11ª DP (Rocinha).

FONTE: http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2014-11-04/vao-me-pegar-diz-lider-comunitario-sobre-pms-que-agrediram-sua-mulher.html

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